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José Manuel Gregório de Ávila

Um Governo passa-culpas

A questão do surto de legionella na Escola da Graciosa volta a estar na ordem do dia pelas piores razões: opacidade, omissões e inverdades em todo o processo, conforme se pode ver na resposta do Governo a um requerimento que subscrevi, a propósito dos acontecimentos recentes nesta ilha, quando se compara com o que vamos apurando aos poucos.
A primeira conclusão que se tira é que o Governo não cumpriu a lei, como é seu dever, nem seguiu as recomendações para este tipo de casos em escolas e locais de utilização pública. Fez exatamente o seu contrário.
Além disso, o Governo falta à verdade quando afirma que informou os pais dos alunos em dezembro. A própria Associação de pais afirmou que isso não aconteceu. Não só não comunicou o problema aos pais, como também não informou os alunos, os seus professores, nem os auxiliares de educação que lidam diariamente com as crianças e jovens da escola.
Só em fevereiro a generalidade da população teve conhecimento desta situação. E não foi por vontade do Governo, que tentou esconder o assunto até ao limite, chegando ao cúmulo de um dos seus dignatários ameaçar quem ousasse denunciar. Por coincidência, ou talvez não, estávamos em vésperas da visita estatutária e era preciso garantir que o Governo não fosse incomodado.
Perante esta gravidade, parece que está tudo bem. Mais umas desculpas para o atraso nas obras e continua tudo na mesma 45 dias depois. A Secretária Regional continua no cargo, tal como o Diretor Regional, como se nada tivesse acontecido. É lamentável termos governantes assim, imunes às trapalhadas que criam.
No fundo, não se trata dos seus filhos, dos seus afilhados, nem dos filhos dos seus amigos. Se assim fosse, talvez a história tivesse merecido outro tratamento.
As afirmações do Governo sobre a falta de material e de géneros alimentícios nas escolas também se tornam caricatas. O Governo, numa clara tentativa de desresponsabilização, atribui o problema à autonomia financeira das escolas, o que é risível. É verdade que as escolas têm autonomia financeira, mas se o Governo não lhes paga a tempo e horas, como é seu dever, estas não podem honrar os seus compromissos, como certamente desejariam.
Sei que algumas escolas assumem as "dores" do Governo, mas não restam dúvidas de que as faltas de material escolar e as faltas nas prateleiras dos seus barese as conhecidas ameaças de suspensão do transporte escolar por parte das empresas de algumas ilhas, são consequências diretas dos atrasos e cortes nos pagamentos perpetradas por este Governo. Tentar culpabilizar as escolas e os seus órgãos executivos por isso, como tentaram fazer, é, perdoem-me a expressão, um descaramento.
O compromisso é a base da confiança e só assim se constrói uma relação sólida e respeitável entre a tutela e os seus organismos autónomos. O resto é conversa.

 Deputado do PS eleito pelo Círculo Eleitoral da Graciosa

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