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Ramiro Carrola

ELEIÇÕES

Foram-se as eleições da Madeira e vêm aí as do País enquanto um todo nacional. Nas da Madeira foi Miguel Albuquerque quem recebeu a coroa de louros de grane vencedor e todos os demais partidos, salvo o JPP de dimensão local que fez a proeza de conseguir passar à frente do desacreditado PS que se está a esboroar aos poucos, saíram da contenda ajoujados ao peso da derrota e os da extrema-esquerda, PCP/BE/PAN, esses, foram mesmo varridos sem remissão do mapa político da ilha.
Ganhou à beirinha da maioria absoluta o PSD de M. Albuquerque, que se encontra a contas com a Justiça, como antes Isaltino Morais tinha saído do estabelecimento prisional da Carregueira e logo saltado para presidente aclamado da câmara de Oeiras.
Do que se depreende que ser-se acusado de condutas ilegítimas e impróprias e ter nódoas criminais no cadastro afinal de contas não é desmerecedor de confiança, antes, pelo contrário, até pode servir de alavanca para o sucesso pessoal.
E não são estes dois casos virgens. Não faltam aí casos em que ser infractor compensa. Veja-se a situação de António Costa, que espatifou o país, deu cabo do SNS, deixou a Educação, a segurança das pessoas e dos seus haveres, a vigilância das fronteiras, os serviços públicos, as forças armadas e policiais  em estado calamitoso, mas, espertalhão e manhoso, sentindo que o ministério público andava de olho nele, a que acrescia o escândalo das dezenas de milhares de euros em notas escondidas entre garrafas de vinho no gabinete anexo ao dele, do seu chefe de gabinete Vitor Escária, pediu a exoneração do cargo e raspou-se sorrateiramente do país, acabando por ser premido com a taluda de Natal  ao ser nomeado presidente do conselho europeu, com um salário milionário e privilégios principescos. O que se chama um sortudo.
Os portugueses estão-se pouco importando para o registo criminal dos candidatos a cargos políticos e públicos -seja ao mais elevado ou ao mais rasteiro dos lugares, trate-sedum candidato à presidência da república ou dum pretendente a simples porteiro do ministério - ou para o dossierindividual da sua vida pública e privada, seé claro e transparente sem mácula como uma folha de papel em branco ou se, ao contrário, a sua ficha é uma nódoa de falcatruas, suspeições e arranjinhos.
O que é preciso é paleio, muito parlapié, muita conversa fiada e zero de medidas concretas, saber levar a água ao seu moinho... e o resto não passa de coisas insignificantes, de lana caprina, que não aquecem nem arrefecem, o que interessa, na realidade, o que conta mesmo, "São uns dez eurinhos na pensão ao fim do mês", é no que pensa na hora de votar o pensionista e o funcionário público, "Caro doutor, a minha filhota Joana licenciou-se em Animação Sociocultural e precisa de tacho, dê lá um jeitinho no seu ministério, Vou ver o que posso fazer, Obrigado doutor, fico-lhe a dever uma...! Oh senhor doutor dê lá um empurrãozinho para a minha Vânia entrar para escriturária na Educação! Oh senhor presidente não se esqueço do meu pedido, olhe que o meu Tó não vê a hora decomeçar como cantoneiro da Câmara!"
Somos isto e não passamos disto. Pense-se no José Sócrates. Um sujeitinho que chegou lá das berças à capital com uma mão à frente e outra atrás, sem cheta, quase um maltrapilho, sem eira nem beira, mas determinado e com uma ideia fixa, queria ser alguém na vida, tinha que ser, e, como diz o povo, o que tem de ser tem muita força, desse por onde desse havia de ser um vencedor, e o caminho certo para atingir esse seu desiderato, rápido e seguro, só podia ser um: a política.
Não perdeu tempo, dirigiu-se ao Largo do Rato, inscreveu-se na juventude socialista, soube insinuar-se entre os 'barões do partido', caiu nas boas graças de Mário Soares, o grande líder, "Ó Fulano, chamou o chefãocerta vez a atenção de Almeida Santos, este rapazinho é esperto e sagaz, precisamos de puxar por ele cá para cima..."
E tanto foi puxado que a carreira do "rapazinho" que veio das berças não podia ser mais fulgurante: deputado, secretário de estado adjunto, ministro adjunto do primeiro-ministro, ministro, secretário-geral do PS e primeiro-ministro. Acusado de vários crimes, estivera em 2015 um mês em prisão domiciliária, e depois, em prisão preventiva, de Novembro de 2014 a Setembro de 2015. Está acusado de vários crimes graves, entres eles o de corrupção, faz vida de luxo sem que se lhe conheça meios de fortuna ou posses para tal, querendo-nos fazer crer que os milhões dos seus gastos escandalosos lhe vêm da bondade de amigos do peito...
Estou em crer que se um dia passar pela cabeça de José Sócrates, se é que não terá já pensado nisso, candidatar-se à presidência da república, as exigências não são por aí além... basta, grosso modo, que seja português e saiba ler e escrever, ou pouco mais que isso, talvez ainda um dia possamos vir a vê-lo como inquilino do Palácio de Belém, o que, de resto, seria o culminar de que, em Portugal, a trafulhice e os trafulhas têm sempre a sorte do destino e da fortuna pelo seu lado, enquanto os que trabalham com profissionalismo e se comportam como deve ser, com honestidade e brio, não passam duns trouxas, uns burros de carga para dar 'o litro' e pagar impostos. Enfim, parece ser isto que está na nossa génese, e se é isso, de facto e de verdade, então será muito difícil sair-se disto, deste círculo vicioso duma vida penosa e cinzentona, desta vida de canseiras, deste regime de compadres e amigalhaços, do 'dê lá um jeitinho', desta dor de alma de mais de metade da população de algum modo estar dependente do chapéu do estado...
Somos um país pequeno e pobre, muito dependente do turismo e dos dinheiros de Bruxelas, mas que a esquerda decidiu escancarar as portas a uma imigração terceiro-mundista, desqualificada, pobre, que não fala a nossa língua e é avessa aos nossos costumes, enquanto, ao contrário disso, os nossos jovens mais qualificados, não enxergando mínimas hipóteses de sucesso no seu próprio pais, rumam ao estrangeiro, onde são bem remunerados e tratados com respeito e consideração.
Se pensarmos bem, no estado em que se encontra a política em Portugal, e quem diz a política diz tudo o resto, veja-se a mediocridade da comunicação social, em especial a televisão, por exemplo, quem é que em seu perfeito juízo quer meter-se na política? Dum modo geral, a política, a governação do país está nas mãos de gente pouco confiável, de duvidosa reputação e competência, a maior parte dela provinda das juventudes partidárias, que outra coisa não são que escolas onde se aprende e pratica a arte da intriga, da maledicência e de como rasteirar o adversário.
Estou a recordar aquela governante, salvo erro dinamarquesa ou islandesa, que tendo comprado um perfume no aeroporto e verificando que não trazia consigo dinheiro para o pagar, usou o cartão multibanco do ministério, só que, entretanto, a coisa veio a público e, antes mesmo de ter tido tempo de repor a importância da compra indevida, a governanta pediu imediatamente ademissão do cargo e declarou não se sentir suficientemente 'limpa' para alguma vez mais voltar à política activa. Esta é a diferença entre uns governantes... e os outros.

Opinião
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