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Engenheiro alerta para risco de novos incêndios no Hospital de Ponta Delgada

"As pessoas estão sentadas
em cima dum barril de pólvora"


 Hospital. Incêndio de 4 de maio do ano passado começou numa bateria de condensadores de correção do fator de potência

HDES. Engenheiros responsáveis por relatório sobre causas do incêndio no hospital de São Miguel deixam várias alertas e há um apelo às autoridades.

João Mota Vieira, um dos engenheiros que elaboraram o relatório sobre as causas do incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, afirma que há risco de novos incêndios na unidade hospitalar.
"As pessoas estão sentadas em cima dum barril de pólvora. Estão a brincar com o fogo. Como é possível, num hospital desta dimensão, esta irresponsabilidade?", questionou, ouvido, quinta-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o incêndio no HDES.
"Se não forem feitas selagens corta-fogo, se não forem instaladas portas corta-fogo, se o sistema de deteção de incêndios não for instalado, nós estamos a criar as condições para um novo incêndio. Só falta o fósforo, por que o material combustível está lá todo", avisou.
As zonas críticas são a farmácia e o arquivo, que já apresentavam fragilidades antes do fogo.
"Se houver um incêndio nessas zonas, os bombeiros de Ponta Delgada podem ter enorme dificuldade em combatê-lo porque estamos a falar das entranhas do hospital e, não havendo compartimentação corta-fogo, o incêndio vai-se propagar no interior", disse.
"A segurança não era uma prioridade. A prioridade passou a ser o (hospital) modular e o edifício principal passou a ser secundário", lamentou o engenheiro.
Mota Vieira defendeu ainda que "dificilmente se pode negar uma ligação entre as decisões tomadas após o incêndio" e um " alarmante aumento da mortalidade em São Miguel e Santa Maria". Terão sido mais uma centena de óbitos em 2024 face a 2023.
Para João Mota Vieira, "a situação exige explicações técnicas, detalhadas, do Governo Regional dos Açores".
As palavras de Mota Vieira foram recebidas com críticas de deputados do PSD, que consideram que este foi além da sua área de competência técnica.
Já Marco Ávila, outro engenheiro que assinou o relatório, considerou que pode ter existido intervenção humana no caso do incêndio, dado que o sinal sonoro do sistema de alarme tinha sido desligado.
"Esse sinal tinha sido inibido. A central, com os seus problemas, estava a funcionar, mas o sinal acústico estava inibido", disse, atribuindo o facto a "intervenção propositada de alguém" e defendendo uma mais profunda investigação pelas autoridades.
O grupo parlamentar do PS/Açores sustentou, num comunicado, que as declarações dos peritos indicados pela Ordem dos Engenheiros para averiguar as causas do incêndio no HDES, Marco Ávila e João Mota Vieira, "confirmam que a recuperação do hospital era possível, viável e mais eficiente do que a construção do hospital modular".

Mota Vieira
sinaliza
risco de
novos incêndios

"Aquilo que retiramos das audições dos dois engenheiros ouvidos nesta comissão parlamentar é que o Governo optou por uma decisão política precipitada, ignorando alertas técnicos, quando a reabertura do HDES num curto espaço de tempo deveria ter sido prioritária", disse a deputada do PS Cristina Calisto.
Entretanto, foi ontem ouvida a Ordem dos Enfermeiros nos Açores, que defendeu a opção pela criação de um hospital modular.
O presidente da secção regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares, citado num comunicado da Ordem, afirmou que "é evidente o caráter transitório desta solução, pensada para permitir uma recuperação sustentada do HDES" e que "o que pretendemos é que esta transição decorra com celeridade e com o menor impacto possível na população e nos cuidados de enfermagem".
"Foi importante esclarecer mais uma vez a posição da Ordem dos Enfermeiros, nomeadamente demonstrar que as diversas pronúncias emitidas pela Ordem sobre a necessidade e importância do hospital modular tiveram como base diversas reuniões com a tutela, reuniões conjuntas com outras ordens profissionais, direção de enfermagem, visitas aos diversos contextos onde ocorreram cuidados de enfermagem, contacto direto com as equipas no terreno, assim como experiências nacionais e internacionais a que tivemos acesso", vincou.
O PS, noutra nota de imprensa, mantém outra visão sobre o hospital modular e defende que a solução já custou quase 40 milhões de euros.
"Este processo está marcado por erros de conceção graves, falta de calendarização e ultrapassagem de prazos e custos inicialmente definidos, o que vem confirmar o que o PS/Açores tem vindo a denunciar: a opção pelo hospital modular, em detrimento da recuperação do edifício afetado pelo incêndio, foi precipitada, mal planeada e sem sustentação técnica", disse a deputada socialista Marlene Damião.

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