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Luís Soares

Valorizar o que é nosso

Uma raça autóctone entende-se como um grupo de animais que se desenvolveu numa determinada região geográfica, ao longo do tempo, sem que tivessem influências significativamente marcantes de raças estrangeiras. São, assim, resultado de uma seleção natural e de adaptação ao contexto em que se insere, de onde se distingue a sua harmonia com o clima, o solo e as práticas de manejo da Região.
Por isso, a raça autóctone assume um papel preponderante para a preservação da biodiversidade, uma vez que contribui para a diversidade genética, que são animais mais resistentes a doenças e ao clima da região, motivo pelo qual demonstram melhor saúde e menor necessidade de cuidados veterinários, exigindo menos recursos para a sua criação.
A raça autóctone é também reconhecida como uma parte integrante da identidade histórica e cultural das comunidades em que se insere, constituindo assim um património indelével do local de proveniência.
Os Açores, sãouma Região rica, pela quantidade e pela diversidade de raças autóctones que cá existem: o cão Barbado da ilha Terceira, o cão Fila de São Miguel, o Burro Anão da Graciosa, o Pónei da Terceira, o Gado do Ramo Grande e o Gado Catrina.
A juntar a estes, fruto de um empenho inexcedível do Governo Regional dos Açores, mais propriamente da tutela da Agricultura e Alimentação, mais recentemente, foi reconhecida a raça "Brava dos Açores" como raça autóctone dos Açores.
A raça "Brava dos Açores" distingue-se dos demais touros de raça brava, pela sua diferenciação genética e singularidades fenotípicas, mais propriamente pela sua corpulência mais fina e ágil, pela sua pelagem predominantemente preta, pela sua cabeça estreita e cornadura dirigida para cima, com cauda fina e temperamento nervoso e de grande agressividade, com ímpeto e investidas aguerridas.
O reconhecimento da raça "Brava dos Açores" é reconhecer a singularidade da própria Festa Brava que se desenvolve nestas ilhas, de onde a figura de proa é o touro da raça "Brava dos Açores".
Tal só é possível, pelo fruto de um trabalho de décadas, desenvolvido por mais de 50 criadores de touros de raça "Brava dos Açores", distribuídos pelas várias ilhas da Região, de onde se destaca naturalmente a ilha Terceira.
Num momento em que cada vez mais grassam os ideais urbanos que atentam contra a vida rural e o manejo de gado bravo, a raça "Brava dos Açores" é o mais perfeito exemplo do bem-estar animal, do respeito pelas suas caraterísticas únicas, que enobrecem a espécie e orgulham o local onde se desenvolve.
Que este seja o momento de valorizar o que é nosso, o nosso touro da raça "Brava dos Açores" e que se possam dar passos para preservar o seu património genético e valorizar esta raça autóctone em qualquer arena, praça ou arraial em que corra.

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